Sensíveis a palavras e carícias, plantas também têm uma 'alma'
Ouvir uma voz amiga e persuasiva faz bem. Uma carícia influencia o comportamento, lhe move para o território sentindo-o, atento aos sinais hostis. Até agora, pensávamos que só o gênero humano e os animais tivessem esses dons. Pelo contrário, não: também no mundo da botânica, sensações, percepções e avaliações do momento, quase um embrião de inteligência e de alma, existem. Estudos científicos da Universidade de Bonn, na Alemanha, e pesquisadores norte-americanos é que nos revelam isso.
A reportagem é de Andrea Tarquini, publicada no jornal La Repubblica, 12-01-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O som de uma voz que lhe saúda faz bem para as plantas. As raízes orientam seu crescimento subterrâneo e dialogam entre si com emissões de substâncias químicas. Algumas flores reagem ao contato da mão do homem, outras atraem os insetos produzindo mais pólen, porque, em troca, os insetos lhes livram dos parasitas.
Por isso, fiquem atentos cada vez que forem comprar uma planta para o jardim, para a sacada, a janela ou para a sala. As plantas também têm uma alma, uma vida de emoções. Lentíssima com relação a homens e animais – porque o mundo da botânica não dispõe de um sistema nervoso –, mas que funciona e deve ser respeitada.
"Para nós, existem pouquíssimas diferenças entre o mundo botânico e a fauna", explica o professor Dieter Volkmann, da Universidade de Bonn, ao jornal alemão Die Welt, que dedicou uma página inteira ao assunto. "As plantas – explica – não têm nervos como o gênero humano ou as espécies animais, mas dispõem de estruturas comparáveis".
Os sinais químicos viajam através de uma planta em velocidade infinitamente mais lenta do que no corpo humano: um centímetro por segundo, 10 mil vezes menos veloz do que da pele humana ao cérebro. Porém, o sinal comunica mensagens.
Essa "alma das plantas" se expressa de diversos modos. As raízes reconhecem se estão crescendo perto de outras plantas da mesma espécie, e então limitam o seu crescimento para não retirar espaço vital. Ou desviam o seu desenvolvimento de cada ponto do terreno em que sentem substâncias nocivas. E não acaba por aí.
As experiências provaram que, se você cultivar dois pés de tomate um ao lado do outro e falar com um mais do que o outro, o primeiro cresce melhor. Talvez seja assim até porque, falando, o ser humano emite gás carbônico, vital para as plantas. Mas é notável a recente experiência na Toscana de videiras que cresceram melhor ao som da música de Mozart. A reação aos estímulos externos também é tátil: a mimosa é uma das plantas mais velozes a reagir. Se você acaricia uma folha, ela se fecha e se reabre depois de poucos minutos. Cientistas californianos cultivaram duas plantas de sementes de mostarda: a que foi acariciada cresceu baixa e larga, a que foi ignorada se desenvolveu só em altura.
Não faltam os sistemas de autodefesa. A acácia é capaz de reagir à ameaça dos animais que devoram suas folhas: quanto mais tempos são comidas, tanto mais velozmente aumenta no seu tecido a concentração de substâncias tóxicas.
Por isso, fiquem atentos às plantas. Pelo menos um quarto das mulheres que as cultivam em casa falam com elas. Muito mais raros são os homens com relação a esse hábito. O mais famoso é o príncipe Charles, do Reino Unido. Por coincidência, a estética da jardinagem inglesa é considerada a mais refinada do mundo.
Fonte:
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=28885
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